terça-feira, 2 de junho de 2009

Respiração Circular

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Respiração circular é uma técnica utilizada na música que consiste em simular uma respiração constante, reinspirando o ar expelido durante a expiração. Ela é empregada com instrumentos de sopro, especialmente o australiano didgeridoo, para fazer prolongar a nota emitida ou para permitir uma execução contínua, sem a necessidade de pausas estratégicas para respirar. Essa técnica vem sendo aplamente difundida devido ao fato de que, com ela, pode-se executar uma [nota] longa que se estenda por vários compassos ou até mesmo executar musicas em que não há pausas para se respirar como O moto perpétuo de Paganini. Além disso, é muito útil na execução de uma frase musical longa na qual o músico tem uma queda de fôlego antes de chegar a seu final.

Método
A técnica envolve a capacidade de tornar independentes os processos de respiração pelo nariz e de assopro pela boca. Na verdade, consiste em armazenar o restante de ar da respiração anterior nas bochechas. Enquanto se expira o ar das bochechas, aspira-se pelo nariz o ar da nova respiração, continuando-se então, a emitir o som. Ao final do ar aspirado, armazena-se o final do ar nas bochechas novamente e, enquanto expira-se o ar armazenado, aspira-se novamente pelas narinas. A técnica não deve ser aplicada durante muito tempo, pois pode ser prejudicial para a oxigenação do cérebro.A principal habilidade que é necessária para a aplicação dessa técnica é o domínio independente dos movimentos do diafragma do pulmão e da boca. Para a perfeita execução da técnica, é necessário que o músico consiga respirar pela boca, utilizando o ar que ali está armazenado, enquanto inspira pelo nariz sem que um interfira no outro.

Utilização na meditação
Além ser muito útil ao se tocar instrumentos de sopro, um ambiente místico envolve a técnica desde suas origens. Criada em músicas do folclore, a técnica também é utilizada em ritos de meditação, em que recebe, também, o nome de renascimento. A finalidade desse tipo de respiração é criar uma estabilidade tanto física quanto mental na pessoa que medita. Por esse motivo, a técnica tem sido adotada por músicos que não tocam instrumentos de sopro, com a finalidade de tornar sua execução mais simétrica quanto ao andamento e ao ritmo.

Instrumentos cuja técnica utiliza respiração circular

A técnica da respiração circular era ou é utilizada na execução de diversos instrumentos étnicos:

Músicos conhecidos por utilizarem a respiração circular

Alguns músicos que não tocam os instrumentos mencionados acima são conhecidos por utilizarem a respiração circular:

Um dos músicos mais famosos a utilizar a respiração circular é o saxofonista Kenny G. Seu recorde consistia em manter a mesma nota, sem respirar, durante 45 minutos. Porém, este recorde foi quebrado por um brasileiro, Hilquias Alves, também saxofonista. Hilquias manteve a mesma nota por 60 minutos.

Ligações externas

Respiração Circular: 1° parte

Angelino Bozzini

Publicado na Revista Weril n.º 127

"Como tocar seu instrumento de sopro sem interromper a emissão de uma nota para inspirar?"

Os instrumentistas de sopro têm uma limitação física não compartilhada por outros instrumentos: como o som é produzido naqueles a partir do movimento da coluna de ar, esse som precisa ser interrompido sempre que o músico necessita inspirar.

Na música folclórica de algumas culturas, desenvolveu-se uma técnica chamada de "respiração circular"(ou "permanente", ou ainda "contínua"), pela qual o músico consegue expirar pela boca enquanto inspira pelo nariz, podendo dessa forma tocar uma nota ininterruptamente.

Veremos nesta matéria como funciona essa técnica, como empregá-la musicalmente, e os prós e os contras de sua utilização.

Como funciona a Respiração Circular

O princípio dessa técnica é bem simples: você deve, no momento da inspiração, expirar com o ar previamente armazenado na sua boca. Assim que terminar a inspiração continua a expirar com o ar armazenado nos pulmões. Simples, não é? Experimente você mesmo.

Pois é, andar de bicicleta também é bem simples: basta pedalar para frente movendo sempre o eixo de equilíbrio para o lado oposto do pé que está pedalando. Só que leva um tempo para aprender. Assim, não desanime, se você aprendeu a andar de bicicleta, com certeza aprenderá a fazer a respiração circular.

Como aprender a técnica de assoprar "infinitamente"

Pois bem, vamos à prática. Da mesma forma que não existe uma fórmula única ou comprovadamente eficiente para se aprender a andar de bicicleta, também para a respiração circular essa fórmula não existe. Para dominar essa técnica, seu corpo dave aprender a se conhecer melhor, ou seja, precisa desenvolver sua própria acepção do sistema respiratório, especialmente do trecho entre a garganta e a boca.

Exercícios Práticos

Vamos separar a parte prática em etapas distintas:

- Tornar a musculatura da boca independente do processo de respiração

  1. Relaxe e respire tranqüilamente pelo nariz.
  2. Num ciclo completo de respiração e expiração, mantendo a boca sempre fechada, encoste a arcada dentária superior na inferior (menor área interna na boca); no próximo ciclo, afaste o máximo que puder os dentes superiores e inferiores (maior área interna na boca) sempre mantendo a boca fechada pelos lábios.
  3. Continue a respirar pelo nariz fazendo um ciclo com a boca totalmente fechada e o próximo com a boca aberta (afastando os lábios). Você deverá notar que, para poder respirar pelo nariz de boca aberta, o fundo da sua língua estará fechando a passagem de ar para a boca.
  4. Respire continuamente pelo nariz, mastigando algo. Note que o movimento da mandíbula não deve interromper ou influir no ciclo respiratório.

- Fortalecer a musculatura de bochecha

  1. Encha a boca de ar expandindo as bochechas.
  2. Mantendo uma abertura central bem pequena entre os lábios e vá empurrando o ar que está armazenado na boca para fora, utilizando conscientemente a musculatura das bochechas. Não tenha pressa; concentre-se no trabalho dos músculos.
  3. Prenda um clips de papel em um canudinho de refresco para diminuir a passagem do ar (pode-se utilizar também aqueles tubos empregados nos hospitais para administração de soro; eles possuem um regulador de saída acoplado).
  4. Encha a boca de ar e, utilizando-se da musculatura da bochecha, faça bolhas em um copo com água.
  5. Repita o exercício anterior, ajudando o trabalho das bochechas com o movimento de fechamento da mandíbula.

- Respirar enquanto a musculatura da boca trabalha

  1. Respire normalmente pelo nariz, mantendo a boca fechada.
  2. Enquanto respira, encha a boca de ar, estufando as bochechas e abaixando a mandíbula. Expulse lentamente o ar da boca através de uma pequena abertura entre os lábios.
  3. Repita o mesmo processo soprando em um canudinho em um copo d'água. O mais importante nesta etapa é cuidar para que o ato de assoprar não interfira de forma alguma com o ritmo da respiração.
  4. Repita este procedimento quantas vezes forem necessárias para que seu corpo torne as duas ações - assoprar com a boca e respirar - independentes.
  5. Encha a boca de ar. Esvazie-a ao mesmo tempo em que inspira (você já experimentou mover um braço no sentido horário e o outro no sentido anti-horário? Ou bater no peito enquanto faz um movimento circular sobre a cabeça? Ou ainda reger um compasso binário com um braço e um ternário como o outro? Se você conseguir fazer alguma dessas coisas, estará utilizando o mesmo tipo de coordenação necessária para assoprar o ar contido na boca enquanto inspira pelo nariz).
  6. Tente agora controlar a saída do ar contido na boca para que ela dure exatamente:
    - um ciclo respiratório;
    - dois ciclos respiratórios;
    - três ciclos respiratórios
  7. Repita o exercício anterior assoprando em um canudinho num copo com água.
  8. Lembre-se: o importante é que o processo respiratório não interfira no trabalho da musculatura bucal!

Encadear a seqüência

  1. Repita os exercícios números 4 e 5 da etapa anterior, enchendo rapidamente a boca com ar tão logo ela esteja vazia.
  2. Trabalhe para que essa operação não atrapalhe o ritmo natural de sua respiração através do nariz.
  3. Você está quase chegando lá! Vá repetindo essa seqüência de forma ao mesmo tempo precisa e relaxada. Em pouco tempo, quando menos imaginar, você estará respirando "circularmente".

A seqüência ocorre internamente desta forma:


Respiração Circular: 2° parte

Angelino Bozzini

Publicado na Revista Weril n.º 128

Chegando ao instrumento

Assim que você tiver dominado a técnica da respiração circular, o próximo passo será aplica-la à execução de seu instrumento:

- Comece repetindo os cinco exercícios anteriores, demonstrados na última edição da Revista Weril. Dessa vez, realize-os expirando o ar contido na boca através do bocal (boquilha, embocadura ou palheta do seu instrumento). No início, não é necessário que você emita um som; o importante é cuidar para que a respiração pelo nariz continue de forma relaxada e contínua.
- Assim que o processo estiver automatizado, tente produzir um som no bocal. Nesse momento, tudo fica mais difícil, mas não desanime. Escolha a nota ou região que for mais fácil para você e não se preocupe, ainda, com a qualidade do som produzido.
- Com um pouco de prática, você conseguirá emitir um som regular através do bocal do seu instrumento. A partir daí, comece a variar a altura de maneira controlada.
- Alterne exercícios onde você emprega a respiração circular em notas longas com exercícios onde você a emprega no meio de uma seqüência de notas de alturas diferentes.

Cuide agora da qualidade do som produzido.

- Assim que você estiver controlando satisfatoriamente o uso da respiração circular durante a emissão pelo bocal, pode começar a praticá-la em seu instrumento:
- A princípio, pratique-a com notas longas em piano na região média do instrumento.
- Num segundo momento, pratique-a em estudos de escalas.
- Pouco a pouco, comece a variar a dinâmica. (Quanto mais forte, mais difícil de manter a nota estável durante a respiração circular).

Assim que você estiver controlando com segurança o emprego da respiração circular nos exercícios, comece a aplicá-la em peças musicais. Trabalhe primeiramente com movimentos lentos de concertos ou sonatas escritas para seu instrumento. O importante aqui é adquirir a consciência sobre onde e quando utilizar a respiração circular. Em seguida, aplique-a em peças transcritas de instrumentos de corda ou teclado, como o "Moto Perpétuo" de Paganini ou o "Vôo do Besouro" de Korsakov.

Vale a pena lembrarmos que, para que a respiração circular tenha sucesso, é essencial que você esteja com suas narinas desobstruídas; caso contrário, você não conseguirá inspirar uma quantidade suficiente de ar, ou, se conseguir, fará tanto ruído que ela lhe será de pouca valia na sua prática musical.

A aplicação musical da respiração circular

Uma vez dominada a técnica, a tarefa mais importante é saber onde aplicá-la na sua prática musical.

- Em primeiro lugar, lembre-se que tocar não é um espetáculo circense; não seja exibido para os colegas que ainda não dominam essa técnica.
- Em segundo lugar, utilize-a só quando sua aplicação trouxer benefícios expressivos na sua interpretação, que você não obteria de uma maneira normal.
- Por último, tenha certeza de que você não depende da respiração circular para fazer o que tem a fazer. Se estiver com seu nariz entupido, não poderá empregá-la, e tudo o que você planejou dependendo dela poderá se tornar num fracasso.

Os prós: O "gás" que faltava para as frases longas

A partir do momento em que a respiração circular fizer parte do rol de suas habilidades técnicas, um mundo novo de possibilidades se descortinará à sua prática musical. Basicamente, podemos citar três aplicações importantes para os seus novos conhecimentos:

Frases longas: Em frases musicais muito extensas, nas quais você chegaria ao fim com uma queda da qualidade sonora por não ter ar suficiente para controlar a emissão, ou mesmo teria que interrompê-la num lugar agogicamente inadequado para poder respirar, a respiração circular permitirá que a frase seja executada do princípio ao fim com qualidade sonora e sem ser interrompida. Isso é importante, principalmente nos movimentos lentos.

Notas sustentadas por vários compassos: É comum partes orquestrais de instrumentos de sopro conterem notas longas que devem ser mantidas por vários compassos. Quando uma parte está sendo tocada por mais de um músico ao mesmo tempo, eles podem combinar para respirarem em lugares alternados, dando assim, para os ouvintes, a sensação de que a nota não foi interrompida. Se o músico, porém, está apenas na execução de sua parte, só poderá dar essa mesma impressão ao ouvinte se respirar muito rapidamente em algum momento em que o restante da orquestra esteja tocando algum acorde forte. Já com o emprego da respiração circular, ele poderá tocar uma nota longa, independentemente de sua duração, de forma natural e musicalmente adequada.

Transcrições de peças de outros instrumentos onde não há pausas para se respirar: Um clássico exemplo desse problema acontece na peça "O Moto Perpétuo", de Paganini. Escrita originalmente para violino, foi transcrita para quase todos os instrumentos. Por ser num andamento muito rápido e não prever pausas para respiração, qualquer tentativa de respiração normal no meio da música adulteraria a concepção original do fraseado. Utilizando-se a respiração circular, pode-se executar inteiramente a peça, sem que seja necessário interromper-se a emissão sonora.

Os contras: Afinal, você é um homem ou uma máquina?

Se você conseguir dominar a técnica da respiração circular, verá que muitas coisas ficarão mais fáceis na sua vida de instrumentista. Mas, nem tudo são flores nas conquistas! No início, falamos que a incapacidade de manter um som ininterruptamente seria uma limitação física imposta aos instrumentistas de sopro, não compartilhada pelos seus colegas de outros instrumentos. Pois é exatamente essa limitação que proporciona aos instrumentistas de sopro o que talvez seja a sua maior vantagem em relação aos seus colegas: o fraseado natural, advindo da respiração.

Os professores dos instrumentos de corda ou teclado passam anos de suas vidas e gastam grande parte de sua sabedoria e energias tentando transmitir aos seus alunos uma forma "natural" e "humana" de executar as frases musicais. A grande maioria da música existente na cultura humana tem seu imaginário melódico fundado no falar e no cantar. Assim, da mesma forma que a razão humana necessita de pausas, acentos enfatizando os pontos principais e inflexões em um discurso, para torná-lo compreensível, a frase musical precisa ser logicamente articulada. Caso contrário, corre o risco de não ser musicalmente compreendida. Quem abusa da respiração circular acaba perdendo o sentido natural do fraseado melódico, chegando, no extremo, a soar como algo mecânico e inumano.

Portanto, seja consciencioso na utilização da respiração circular: bem empregada ela irá expandir suas capacidades como instrumentista; abusando-se dela, sua execução poderá sofrer sérias perdas na expressividade artística.

A Respiração Circular e o Espírito

Finalizando, vale a pena lembrar que a respiração circular é utilizada em várias formas de terapia e como preparação à meditação. Praticada de forma relaxada e sem um instrumento, ela promove uma oxigenação elevada do cérebro e do corpo em geral, preparando-o para um estado privilegiado de consciência.

Lembra-se da alegria que você sentiu a primeira vez em que conseguiu andar de bicicleta? Todos os tombos do aprendizado foram esquecidos naquele instante. Você era, de repente, um herói para si mesmo. A respiração circular pode trazer-lhe essa alegria de volta. Boa sorte nos exercícios!


Angelino Bozzini é professor e trompista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

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Didjeridu

O didjeridu (ou didgeridoo) é um instrumento de sopro dos aborígenes a

ustralianos. É um aerofone, ou seja, um instrumento onde o som é provocado pela vibração do ar. O som no didjeridu é produzido pela vibração dos lábios e por outros s

ons produzidos pelo instrumentista.


O didjeridu é um instrumento muito antigo. Estudos arqueológicos baseados em pinturas rupestres sugerem que o povo aborígene da região de Kakadu já utilizava o didjeridu há cerca de 1.500 anos.

BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE.

Em 2005, um estudo no British Medical Journal (Jornal Médico Britânico) descobriu que, aprender e praticar o Didgeridoo ajudou a reduzir o ronco e apnéia do sono, assim como o tempo necessário para o descanso. Isto parece funcionar devido ao fortalecimento dos músculos da via aérea superiora, diminuindo a tendência de distúrbio durante o sono.

Outro estudo, realizado no Brasil em 2008 por uma dupla de estudantes universitários da UAM, no curso de Naturologia, promoveu a comprovação de diversos efeitos terapêuticos do Didgeridoo. O foco principal era a redução da ansiedade, mas junto a isso demonstrou-se também uma melhora na qualidade de vida, redução à vulnerabilidade ao estresse e melhora da respiração com indícios de combate ao tabagismo (indicado por fumantes que participaram do estudo).

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